Eu posso abrir a boca?
Sábado, 04 de setembro de 2021, 22h20min. Eu faço questão de registrar essa data, dia, mês, ano e horário – sabendo exatamente o porquê. Escrevo diretamente da cidade de Vila Velha, Espírito Santo, uma das 27 Unidades Federativas do Brasil, localizada na Região Sudeste. Com uma área de 46.096 km² é o 4º menor Estado do Brasil, maior territorialmente, apenas, que Sergipe, Alagoas e Rio de Janeiro. A população do Espírito Santo é de aproximadamente 4.108.508 habitantes – dentro deste número eu me encontro, assim como minha mulher, meus dois filhos e as duas noras. Os netos se negam a nascer.
Falar de geografia não é o objetivo neste momento, meu compromisso vai muito além disso, o de retomar a vanguarda deste Blog, voltar a nele escrever após longa interrupção de exatos 05 meses e 17 dias. A minha última publicação aconteceu em 18/03/2021, cujo título muito sugestivo “Nós não somos um bando de pelados!”. Na matéria eu descrevo parte do que acontece nos bastidores duma praia de nudismo (Barra Seca) localizada no Norte do Estado do Espírito Santo, município de Linhares. Uma pitada de excitação não faz mal a ninguém – o frenesi da alma; estado de exaltação violenta que põe o indivíduo totalmente fora de si. Desvario completo. A “grande imprensa” também está nua e vem causando orgasmos mentais.
Inquietação. Sensação que os jornalistas responsáveis com a verdade dos fatos devem estar sentindo agora com a possibilidade de serem presos em razão das suas opiniões externadas, que contrariem as vontades e critérios estabelecidos pelas divindades terrenas. Dar opiniões sobre algo concreto ou coisas abstratas passou a ser modus operandi de suicidas Kamikazes – Deus vento, ou Vento divino. Jornalistas carregam os seus textos com explosivos em missões “só de ida”, potencialmente suicidas. Nessa perspectiva não cabem metáforas tampouco sentidos figurados. O politicamente correto – seja nos pensamentos, nas falas e, sobretudo, nas escritas – é agir dentro de reduzido perímetro com o corpo fora das trincheiras.
Hoje, o combatente jornalismo opinativo não encontra abrigo nos fossos ou nas escavações feitas nas antigas redações – o campo de batalha de 2021 é a céu aberto, o solo não oferece profundidade ou parapeito; os alvos estão visíveis facilitando a ação dos franco-atiradores. As opiniões sem fronteira do passado se perderam no cemitério dos heróis, ou com estes foram enterrados.
Post Scriptum – De sábado pra cá eu coloquei a cabeça do lado de fora e vi que nada de mais grave estava acontecendo no Brasil, por isso, eu resolvi publicar esta matéria hoje, terça-feira, 07 de setembro de 2021, Dia da Independência do Brasil, comemoração dos seus 199 anos. Senti-me protegido no meio de milhões de pessoas que foram às ruas do país protestar pacificamente contra (…). É melhor não escrever e deixar que cada brasileiro de verdade diga o seu motivo. Pode ser que as agressões à Constituição da República Federativa do Brasil não cessem a partir de amanhã, quarta-feira, 08. Caso os atos de hostilidade e de provocação se agravem voltarei a colocar a cabeça dentro do buraco, porque é triste testemunhar os ataques à integridade intelectual e moral de pessoas inocentes, sobretudo prisões arbitrárias.
Augusto Avlis
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