Como cria do criador, consultei-o primeiro para depois cometê-lo. Quero deixar bem claro, antes de tudo, que quando assumo a condição de “cria” não quer dizer, necessariamente, que sou um animal que ainda mama ou, como animal racional, uma pessoa pobre, criada em casa de outrem. Todavia, posso pecar. Pobre, ainda continuo sendo. Não costumo dizer isto pra todo mundo, mas, como me acho um indivíduo de sentimentos elevados, é mais nobre dizer “cria do criador” do que “pobre filho de Deus”.
Deus é fecundo. Deus foi capaz de produzir e reproduzir o animal racional, homem, com a mesma faculdade de que são dotados, na sua maioria, os animais irracionais: capacidade para mamar. Os seres humanos nasceram com o poder de fazer, com aptidão, com o direito, autorização, enfim, com a permissão divina para sugar o leite da mãe ou da ama, para chupar qualquer coisa.
Os políticos brasileiros exageraram – mamam freneticamente nas tetas da nação, sem largá-las, para a preservação da sua própria espécie. Os outros milhões de porquinhos, que nem sequer podem comprovar a sua raça, estirpe ou linhagem, como queiram, impedidos estão de colocar a boca nas glândulas mamárias da mamãe Brasil, que por espírito de bondade, continua sendo ama-de-leite do filho rebelde chamado FMI. Bastardo ele não é, porque é filho legítimo de muitos países, perdão, de pais legítimos.
Volto a pecar, pela quinta vez, porque quando se tem a certeza de que Deus perdoará, tudo fica mais fácil. Falar de política – não que esta seja a minha especialidade – me estimula e me torna um indivíduo chistoso. Muito longe de ser adepto do chauvinismo, vou proseando como posso. Só amo o que tenho, o que faço e à minha pátria, controlando as doses com moderação, assim como me exige a digníssima patroa quando parto em direção a uma boa garrafa de whisky de “1515” anos – acho que já bebi demais porque estou vendo o 15 duas vezes e suponho que o whisky é o meu maior pecado original.
Preciso continuar, com a criação – do whisky, ou do que sobrou dele, eu cuido depois. Com moderação, é claro, mas só se a minha patroa estiver por perto, com seu espírito criativo e sua imensa capacidade de criar caso. Acho que vou convidar o Lula para me acompanhar nas doses; só dessa forma conseguirei arrancar dele algum segredo de Estado, sobretudo se ainda tem alguma teta disponível.
Augusto Avlis
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Pingback: Livro Polítitica « Opinião sem Fronteiras - 29/07/2012