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Consultoria & Marketing

Eficiente x Eficaz

Eficiente x Eficaz

“Eficiência” e “Eficácia” são coisas distintas. No primeiro caso, “eficiência” é a qualidade de eficiente, que tem a capacidade de desempenhar, realizar, de produzir. No segundo caso, “eficácia” é a qualidade de eficaz, que tem força, virtude de produzir efeito. Os conceitos parecem iguais, mas não são. Na prática percebemos perfeitamente as diferenças, as nuanças. Um funcionário eficiente faz as coisas de maneira correta, desempenha as atividades com foco na produção, realiza as tarefas conforme manuais de procedimentos. O colaborador eficaz, além de reunir as qualidades da eficiência, tem a disposição firme para dar origem aos resultados ou produto de uma experiência. Em resumo, o colaborador eficaz faz as coisas certas dentro de uma atmosfera de perfeita compreensão.

Levando isto para a prática, analisemos o exemplo real: Antes de se aposentar, um chefe de estação ferroviária recebeu a incumbência de treinar um jovem substituto. A diferença de idade entre os dois era gritante. A vaidade do mais velho fervilhava. O jovem permanecia humilde. Etapa por etapa dos serviços sob a responsabilidade do chefe de estação ferroviária era passada ao novato, atento a todas as explicações. Porém, um detalhe chamou a sua atenção. O velho chefe de estação ferroviária pegou um martelo (pequena marreta) e pediu que o aprendiz o acompanhasse até à composição, dizendo: “Toda vez que parar um trem aqui na estação, você pega este martelo e sai batendo em todas as rodas da locomotiva, não deixe de fazê-lo porque eu cumpro religiosamente este procedimento há 35 anos, desde que substituí o meu antecessor, ele me exigiu isso”. O rapaz, incrédulo, perguntou ao velho chefe de estação ferroviária: “O senhor saberia me dizer o porquê disso?”. Um silêncio sepulcral tomou conta da linha férrea. Então, com muita habilidade o jovem chefe de estação concluiu: “Ao batermos com um martelo nas rodas da locomotiva, como são de ferro, elas emitirão um som característico; caso alguma roda apresente um som diferente é porque está quebrada, portanto a máquina que opera a tração dos trens não poderá seguir viagem por uma questão de segurança”. Moral da história: O velho chefe de estação ferroviária foi eficiente ao longo de 35 anos de trabalho ininterrupto, enquanto o jovem substituto foi eficaz desde as primeiras horas de trabalho.

Tive a satisfação de trabalhar numa franquia de Coca-Cola na região Norte do Brasil, durante bons anos da década de 90. O Grupo Simões detinha, bem antes de se tornar franquia da multinacional de refrigerantes, uma marca de guaraná regional denominada Tuchaua, com sabor muito particular. Pois bem, no início da fabricação do guaraná Tuchaua os rótulos das garrafas eram colados à mão, um a um. Na linha de produção destacava-se um funcionário que batia recordes na colagem de rótulos de papel, batendo o seu colega oponente. Veio esse tal de Controle de Qualidade Tupiniquim e constatou que os rótulos colados pelo campeão da colagem estavam tortos, totalmente desalinhados, ao passo que o derrotado na competição de colagem seguia um padrão e os rótulos por ele colados estavam perfeitos, nivelados. Resumo da ópera: o campeão da colagem ganhou um troféu pela eficiência, enquanto o segundo colocado na competição ganhou um aumento de salário pela sua eficácia. Simples, não? Maldade: “A ‘turma do deixa disso’ comentou na fábrica que o cara era rápido porque colava os rótulos com a língua!”. Vê se pode…

Todos os dois, eficiente e eficaz, são indispensáveis numa organização. Ao gestor do negócio cabe a prerrogativa de identificar potencialidades e explorá-las corretamente, enquadrando tendências às necessidades da empresa, que jamais deva permitir que se crie uma atmosfera de competitividade entre eles, estejam ou não abrigados dentro do mesmo departamento.

Frase do dia:

“Não desperdice talentos, pessoas com dons naturais e com qualidades inatas de inteligência não são encontradas com a mesma facilidade com que compramos cebolas”.

Augusto Avlis

Sobre augustoavlis

Augusto Avlis nasceu no Rio de Janeiro na metade do século XX. Essa capital foi antes o Distrito Federal e o Estado da Guanabara. Profissionalizou-se em Marketing Operacional e fez parte, como Executivo, de multinacionais do segmento alimentício por mais de três décadas, além de Consultor de empresas. Formado em Comunicação Social, habilitou-se em Jornalismo. Ocupou cargo público como Secretário de Comunicação. Hoje dedica-se às atividades de escritor e cronista.

Discussão

4 comentários sobre “Eficiente x Eficaz

  1. Lembro muito bem dessa estória da estação ferroviária! Muito legal o texto, esclarecedor.

    Publicado por tpontara | 07/03/2012, 10:19
  2. Muitas empresas querem que seus empregados sejam eficazes e eficientes, mas nem todas são eficazes e eficientes na hora de oferecer uma boa infraestrutura para trabalhar e principalmente na hora de pagar, certo que os trabalhadores não podem usar isto como argumento para não trabalharem direito, mas estes dois items ajudam a manter o trabalhador mais motivado na hora de começar o dia de trabalho e manter sempre o seu bom humor. Não adianta avaliar a eficiencia e eficacia de um trabalhador se não há unidade na equipe e também se não há unidade entre equipe e administração da empresa, pois isto leva a ambos a ilhas separadas por abismos imensos que faz com que todos percam.

    Publicado por luiznagata | 08/03/2012, 12:25
    • A relação capital x trabalho é uma via de duas mãos de direção, quando uma delas está interditada, desvios de rota são caminhos alternativos. O processo de avaliação também deve ocorrer nos dois sentidos, ou seja, a empresa avaliando os seus colaboradores e estes, por sua vez, a empresa, de cima para baixo, de baixo para cima (tema para uma nova crônica). Quando o colaborador chegar à conclusão que as suas expectativas não serão atendidas, então, é chegada a hora de colocar Currículo no mercado de trabalho. A democracia funcional estabelece direitos.

      Publicado por augustoavlis | 11/03/2012, 10:53
      • Grato ao leitor Luiz Nagata pelo oportuno comentário. A propósito, não deixe de ler as “Crônicas aforísticas da vida política”, sob o título Polítitica. Isso mesmo, PO LÍ TI TI CA.

        Publicado por augustoavlis | 11/03/2012, 10:58

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