COVID-19 – Décima sexta parte
“A sensação da morte é mais fria porque corrói a alma, queima mais do que gelo sobre a pele. Os sentimentos tendem a se dissipar – todos. Na luta pela vida, agarra-se à esperança, comprova-se a impotência, perde-se a fé, entrega-se ao destino. Não há o que fazer diante da triste e cruel realidade. Escapa-se hoje, procura-se o esconderijo, na certeza da invisibilidade o indivíduo é pego de surpresa. O improvável acontece, a imponderabilidade não dá aviso prévio. Na linha de tiro todos nós estamos trêmulos, sôfregos, em imenso pânico, sem saber em qual das armas está a munição de festim. As rezas emudecem, as mãos se contraem, suspiro final. Deus, onde estás?”
Augusto Avlis
BBC News Brasil – 07 de fevereiro de 2020. “Coronavírus: morte de médico, que havia tentado avisar sobre vírus, causa revolta e protestos na China. Qual foi a reação pública?”. Segue a matéria.
“O que Li Wenliang fez? Li Wenliang, um oftalmologista, postou sua história na Weibo de uma cama de hospital, um mês depois de ter feito o alerta inicial. Ele havia identificado sete casos de um vírus com sintomas semelhantes aos da Sars, que levou a uma epidemia global em 2003. Em 30 de dezembro, ele enviou uma mensagem a colegas médicos em um grupo de bate-papo, alertando para usarem roupas de proteção para evitar infecções. Quatro dias depois, ele foi intimado pelo Departamento de Segurança Pública, quando foi orientado a assinar uma carta em que era acusado de ‘fazer comentários falsos que perturbaram severamente a ordem social’. As autoridades locais pediram mais tarde desculpas ao médico. Em seu post na Weibo, ele descreve como começou a tossir em 10 de janeiro, teve febre no dia seguinte e foi parar no hospital dois dias depois. Ele foi diagnosticado com o coronavírus em 30 de janeiro”.
Quantas mortes poderiam ter sido evitadas se as autoridades chinesas levassem a sério o alerta inicial feito por Li Wenliang e logo depois alertado o mundo sobre a descoberta do novo Coronavírus. Ao contrário, o regime comunista chinês o obrigou a admitir formalmente a sua culpa em razão dos comentários falsos que fizera causando perturbação à ordem social, de acordo a acusação. Numa sexta-feira, 10 de janeiro de 2020, Li Wenliang começou a tossir; um dia depois, no sábado (11) ele teve febre; na segunda-feira (13) ele foi internado; numa quinta-feira, 30/01/2020 veio a confirmação que Li Wenliang estava com Coronavírus; uma semana depois, numa quinta-feira, 06 de fevereiro ele morre. Do início da tosse até a sua morte Li Wenliang viveu apenas 28 dias. Segundo a Agência Brasil, “o Hospital Central de Wuhan confirmou no dia 06/02/2020, por volta de 16 horas no horário de Brasília, que o médico oftalmologista Li Wenliang, de 34 anos, morreu por infecção de Coronavírus”. Passados 10 (dez) meses, o número de mortos por COVID-19 no mundo ultrapassou 1,5 milhão pelo mesmo motivo. Desse total de mortos, quantos podemos colocar na conta da China?
Augusto Avlis
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