>
Você está lendo...
Política

Você decide – 2ª parte

Você decide – 2ª parte

Ainda repercute negativamente pelos quatro cantos do país a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sessão da última quinta-feira (14/03), atribuindo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prerrogativa de julgar casos de Caixa 2 de campanhas eleitorais conectados a crimes como Corrupção e Lavagem de dinheiro, enfraquecendo a atuação da Justiça Federal e do Ministério Público Federal, portanto, abalando as estruturas da Operação Lava-Jato, que completou 05 (cinco) anos neste domingo, 17/03/19.

A primeira fase da Operação Lava-Jato ocorreu no dia 17 de março de 2014, quando a Polícia Federal cumpriu 24 mandados de prisões temporárias e preventivas em sete Estados – na operação deflagrada foram apreendidos R$ 5 milhões em espécie, 25 carros de luxo, quadros, jóias e armas. Um grande esquema ilícito de Lavagem de dinheiro e Evasão de divisas foi desvendado do qual participavam doleiros a serviço de políticos e empresários. O esquema fraudulento, à época, segundo primeiros levantamentos, teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Alberto Youssef, famoso doleiro conhecido da Justiça, preso nesta 1ª fase, em sua delação premiada, ajudou as autoridades a puxar o fio da meada, em cuja ponta estava a Petrobras como “fonte alimentadora” da sanha de políticos corruptos, que sangraram impiedosamente a maior estatal brasileira. A Operação Lava-Jato conseguiu demonstrar a inversão da lógica operacional do TSE, que, nos últimos anos, esse Tribunal vem aprovando sistematicamente as prestações de contas das mais variadas campanhas políticas sem se preocupar com a origem do dinheiro, com o modus operandi dos partidos políticos e com os financiadores contumazes. De todo modo, não resta dúvida de que o TSE vem exercendo fidedignamente o seu papel constitucional de “maior lavanderia de dinheiro público” do país. O “branqueamento” de capitais se dá numa atmosfera de cumplicidade e de dar inveja à multinacional Unilever, produtora do sabão em pó OMO.

Recente episódio protagonizado pelo TSE – considerado um verdadeiro circo dos horrores – foi o julgamento da chapa Dilma-Temer. Naquela ocasião, uma sexta-feira, 09 de junho de 2017, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Gilmar Mendes, com seu manjado discurso rocambolesco, deu o “Voto de Minerva” e a chapa presidencial Dilma-Temer não foi cassada. O estapafúrdio resultado da votação foi conhecido depois de 25 horas de acalorados debates, com um total de quatro dias de julgamento no TSE. Gilmar Mendes, com o seu voto, livrou a ex-presidente Dilma Rousseff (que sofrera Impeachment) e o presidente em exercício Michel Temer de qualquer tipo de punição, ou seja, Temer permaneceu no cargo e Dilma não teve os seus direitos políticos cassados, uma vez que não estava mais no governo e era só esta punição que lhe caberia no processo. Gilmar Mendes afirmou categoricamente que “o TSE não está aqui para resolver problemas políticos”. Continuou Gilmar Mendes: “Não estamos falando aqui de uma reintegração de posse. Por isso que a Constituição colocou 15 dias, se não teria colocado seis meses, exatamente para não expandir a demanda para além. Porque se prefere pagar o preço de um governo ruim e mal escolhido do que uma instabilidade no sistema ou golpes que são engendrados na calada da noite. Por isso o sistema precisa de estabilidade. É muito fácil fazer o discurso da moralidade. Ninguém vem me dar lição aqui”. Na visão de Gilmar Mendes a “estabilidade do sistema” pode se dar através da roubalheira do erário; os meios escusos justificando os fins nada republicanos. Nas eleições de 2014 a eleita chapa presidencial Dilma-Temer foi acusada de abuso de poder político e econômico, numa ação impetrada pelo PSDB junto ao TSE. O Ministro Gilmar Mendes não escondeu a sua intenção de condenar todo o processo em todo o tempo que tramitou. O Ministro Luiz Fux, que proferiu um dos três votos favoráveis à cassação, disse: “Ambiente político está contaminado e a hora do resgate é agora”. Por fim, a dupla criminosa foi absolvida por excesso de provas contra ela, documentos robustos que comprovaram o uso de dinheiro desviado da Petrobras rotulado de Caixa 2, seja por vias diretas como indiretas – a maioria dos julgadores se omitiu quanto à materialidade das propinas. PT e PMDB (hoje MDB), em nojento conluio, comemoraram o veredicto do TSE. Como dar credibilidade a este Tribunal Eleitoral?

Por essas e outras que, a meu sentir, o TSE não tem expertise para julgar crimes que se situam fora da sua competência natural. Fato é que o Tribunal Superior Eleitoral não possui a estrutura necessária para levar a cabo processos de Corrupção, Lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos. Além disso, o resultado do julgamento da chapa presidencial Dilma-Temer é um divisor de águas, uma linha não imaginária que separa a direção da probidade e o rumo da cumplicidade. Só acrescentaria um detalhe na assertiva de Fux: “Os ambientes dos tribunais estão contaminados por ideologias políticas, por radicalismos, por corporativismos, por vaidades exacerbadas, por expedientes difusos, por interesses inconfessáveis, por posições que arrostam o Estado Democrático de Direito”. Perde o Brasil. Você decide se fica sentado no sofá da sala, ou se vai pras ruas se juntar a novas manifestações contra todo esse estado de coisas.

Augusto Avlis

Navegue no Blog  opiniaosemfronteiras.com.br e você encontrará 929 artigos publicados em 16 Categorias. Boa leitura.

 

Avatar de Desconhecido

Sobre augustoavlis

Augusto Avlis nasceu no Rio de Janeiro na metade do século XX. Essa capital foi antes o Distrito Federal e o Estado da Guanabara. Profissionalizou-se em Marketing Operacional e fez parte, como Executivo, de multinacionais do segmento alimentício por mais de três décadas, além de Consultor de empresas. Formado em Comunicação Social, habilitou-se em Jornalismo. Ocupou cargo público como Secretário de Comunicação. Hoje dedica-se às atividades de escritor e cronista.

Discussão

Nenhum comentário ainda.

Deixe um comentário

Digite seu endereço de email para acompanhar esse blog e receber notificações de novos posts.

Junte-se a 148 outros assinantes
Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora