A corrupção como estatuto
Amigos leitores. Eu acordei hoje com a cabeça fervilhando, não que tivesse sonhado com um maravilhoso ménage, não, é porque descobri que existem outros dois tipos de corrupção, a corrupção virtual e a corrupção sentimental.
A corrupção virtual é aquela que ainda não existe de fato, mas que está na cabeça dos canalhas, está sendo pensada, está sendo matutada. Os bastardos da República ficam se perguntando o tempo todo: “O que posso fazer para arrancar dinheiro daquela obra?”. “Como criar oportunidades para roubar?”. “Com quem posso contar para arquitetar as tramóias?”. “De que forma dividirei a grana amealhada?”.
A corrupção virtual talvez seja a mais daninha de todas as outras modalidades porque denota continuísmo na prática corrupta. Nem mesmo o fantasma da punição convence o canalha a ser honesto. É aquela coisa, eu penso merda, mas não vou fazê-la, porque me vou foder. Deveria ser assim. Acontece exatamente o contrário, eu penso merda, vou fazê-la, vou me dar bem e estou pagando pra ver.
A corrupção sentimental vem do berço. A criança chora para ganhar chupeta. O pai diz ao filho se ele passar de ano ganha uma bicicleta de presente, hoje a “propina sentimental” evoluiu para celular de última geração, para sei lá o quê. O menino para comer a bunda do coleguinha promete lhe dar a bola surrada ou o brinquedo quebrado. O funcionário puxa o saco do chefe e é promovido. Enfim, a corrupção sentimental precede a corrupção virtual, que é o passo seguinte.
A corrupção virtual precede a corrupção sistêmica e endêmica que estamos vendo – os canalhas corruptos de carteirinha conseguem fazê-las andar juntas. É muito provável que apareçam outros tipos de corrupção daqui pra frente dada a criatividade do brasileiro, aliás, para ele, a corrupção é como estatuto.
Augusto Avlis
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