Os efeitos Lula
Um assunto para ser contextualizado. Do ponto de vista positivo, é evidente que a sua prisão, por si só, tem um efeito extremamente conceitual – é de teor moral. Em que pese a contenda jurídica que será travada nos tribunais superiores pelos advogados de defesa do ex-presidente, com desdobramentos vários em razão de discussões acaloradas consequentes de discórdias, o fato é que o mandado de prisão foi cumprido, ainda que com dificuldades – uma coisa que, num passado recente, seria impensável. Nessa linha de raciocínio, a ação da Justiça não deve ser vista como excepcionalidade. Passe o tempo que for, apesar de que Lula preso por curto período nas dependências da Polícia Federal de Curitiba, o caso reveste-se de cunho didático. Quem estiver na mesma situação, outros tantos políticos e empresários réus, já deve ter posto as barbas de molho. Por fim, fica a sensação de que a Justiça está funcionando a meio vapor.
Do ponto de vista negativo, sofre a sociedade de bem que terá o desprazer de assistir a cenas de protestos, de vandalismos e de radicalizações por todos os cantos do país. Agora mesmo em frente ao prédio da Polícia Federal de Curitiba cerca de 500 manifestantes pró Lula fazem vigília. Na verdade queriam fazer arruaças, mas o respeito à Instituição Policial falou mais alto. Negativamente, também, destaco três pontos: 1º. A antes fragmentada esquerda agora pode pensar em se unir, juntar forças em torno de um só pensamento ideológico, de modo que há, sim, chance de surgir um novo líder com competência para tocar o rebanho, conduzindo-o por piores caminhos; 2º. O recrudescimento de posições antagônicas, aquelas tomadas pelos ministros dos tribunais superiores, sobretudo do Supremo Tribunal Federal (STF), que, como sabemos, é uma Suprema Corte de Justiça inexoravelmente dividida, gerando, na maioria dos casos julgados, uma perigosa e indesejável insegurança jurídica, por outro lado, mudanças de jurisprudências em curto espaço de tempo só reforçam essa tese da falta de pensamento comum. Correntes e interesses político-partidários jamais deveriam influenciar as Instâncias de Justiça, sejam elas quais forem. Além de cega a Justiça passará a ser burra; 3º. A ausência de uma figura agregadora, de um político com poder de apaziguar o país, com condições éticas e morais, reconhecidamente ilibado, que compreenda os problemas nacionais. Infelizmente este homem não existe no mercado político, mas que é tão exigido nos momentos de fortes crises.
Augusto Avlis
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