Precipitação pluviométrica
Para que o crime organizado possa funcionar na sua plenitude precisa ter políticos e juízes em suas mãos. Cada engrenagem da organização criminosa no seu devido lugar, bem ajustada e lubrificada para não emperrar a máquina principal. De maneira comum, temos visto políticos reincidentes nas práticas delitivas, verdadeiros ícones da impunidade. Ordinariamente, temos visto juízes se revezando nos veredictos de casos polêmicos, e semelhantes. Um dia julgam de um jeito, noutro dia diferentemente das convicções anteriores. Chama atenção as críticas firmadas acerca de determinados temas cruciais. Alguém precisa denunciar isso de maneira enfática. Ficam, portanto, dispensados os exemplos atuais pela sua clarividência.
Do lado oposto da Muralha da China vemos muita gente dando opiniões multifacetadas sobre assuntos dos mais variados que sejam. A meu sentir este é um grande problema da mídia, longe de ser equacionado, que leva a múltiplas interpretações. Infelizmente, a indústria cultural (complexo comunicacional) explora bem esse campo minado. É simples o entendimento. O jornalismo especializado em política não foge à regra, talvez o excesso de zelo nas palavras obrigue os profissionais a revelar um mundo de suposições e poucas certezas. Prefiro pensar assim. Os comentaristas políticos da Globo News, Merval Pereira, Cristiana Lobo, Gerson Camarotti e Renata Lo Prete, quando juntos no Jornal das 10, até tentam ser objetivos, mas acho que falta estilo incisivo a cada um deles. Pode ser que o “patrão” não permita; por outro lado, uma forma de autocensura para não expor os criminosos sem mostrar as provas, daí o festival de hipóteses.
Quando a ética e a moralidade públicas se rendem ao crime organizado ficamos diante de um beco sem saída. Cresce o sentimento de profunda e irremediável perda de esperança. As Leis do Direito não punem os criminosos exemplarmente, quanto mais no seu rigor. Um Brasil do futuro que não aprendeu com os seus erros do passado e que vive um presente obscuro. O incrível é que estamos cometendo enganos piores.
As reformas, trabalhista e previdenciária, não sairão do papel com o agravamento da crise. Se o presidente Michel Temer depende dessas aprovações para se manter no cargo, pode tirar o equino da precipitação pluviométrica, porque não há clima político favorável em Brasília. A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitou o texto base da reforma trabalhista ontem, 20, por 10 votos a 09, com ajuda de três traidores. Foi uma derrota simbólica para o governo com a chancela do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) – este senhor, que responde a uma dezena de ações no Supremo, dribla a Justiça, permanece solto e impondo a sua força no Congresso Nacional. Por quê? Não bastasse a delação premiada dos donos da JBS, agora surge o depoimento do doleiro Lúcio Funaro dado à Polícia Federal no último dia 14, e tornado público nesta terça-feira, 20, que aumentará a agonia do presidente Michel Temer. O avanço das investigações decorrentes da Operação Patmos revelará fatos ainda mais estarrecedores. Aqui não se trata de “demonização da política”, o fato é que o diabo do político transformou a política num verdadeiro Inferno.
Augusto Avlis
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