“Teia da corrupção”
Este seria um excelente tema para ser mostrado por uma escola de samba no sambódromo. Segundo os alfarrábios, o Carnaval é uma tradicional festa marcada pelo “Adeus à carne”, sim, um “Adeus à carne morta”, tanto que, a partir dela, da festa mundana, se fazia um grande período de “abstinência” e “jejum” – em Latim “Carnis levale”. Até então, Deus, todo poderoso, está fora disso porque não gosta de ‘Samba do Crioulo Doido’ – a adoração à “carne viva” por parte das suas criaturas humanas o fez pensar e agir assim. Em toda parte do Brasil, grandes concentrações de festejos populares, com ou sem preparação prévia, de modo que o improviso dá o tom da bateria. Em cada região geográfica a população brinca ou se diverte a seu modo, do Norte ao Nordeste, do Centro-oeste ao Leste – o Sul ainda está aprendendo devagar por razão de costumes machistas, que consideram essa festa pagã coisa pra viado. Seja como for, os pecadores pagarão no decorrer da Quaresma pelos pecados cometidos, sobretudo por inverterem os seus papéis diante das sacanagens explícitas. Não se ouve falar em crises políticas, corrupção, Lula & Dilma, em inflação alta, em juros galopantes, em falta d’água, em apagão elétrico, em economia fracassada, em crescimento zero, em Petrolão, em Operação Lava-Jato, no navio-plataforma FPSO – Cidade de São Mateus. Amigos foliões, como a “Teia da corrupção” não foi tema mostrado por uma escola de samba no sambódromo, vocês irão tomar no “centro do tobas” a partir da quarta-feira de Cinzas, 18 de fevereiro de 2015, sem direito a dar “Adeus aos vários tipos de carne” e ao uso de vaselina, porque a “carne viva” que estará sendo comida é a de vocês! Ainda é Carnaval, por isso, aproveitem, enquanto dure.
Augusto Avlis
Nota de rodapé: Leia-se. O “Samba do Crioulo Doido” é uma paródia composta pelo escritor e jornalista Sérgio Porto, o conhecido ‘Stanislaw Ponte Preta’, no ano de 1968, para o Teatro de Revista, como forma de ironizar a “obrigatoriedade” imposta às Escolas de Samba de retratar nos seus sambas de enredo somente fatos históricos. A expressão “Samba do Crioulo Doido” é também usada para se referir a coisas sem sentido, a textos mirabolantes e totalmente sem nexo – como as longas e cansativas sentenças proferidas de viva voz, em plenário, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal; basta reviver o julgamento da Ação Penal 470, processo do Mensalão. Se o ministro Enrique Ricardo Lewandowski ganhasse por palavra dita na defesa das suas teses certamente seria um dos homens mais ricos do Brasil – o troféu “Samba do Crioulo Doido 2014” é dedicado a ele, com toda a “falta de Justiça”.
carnaval – folia, alegria, descontração, gastança. Cenário ideal, para esquecer tudo e mandar tudo pro inferno.
A Beija-Flor que o diga.