Dom José Graziano – eu só vivo cometendo gafes ultimamente –, José Graziano, sem o “Dom”, andou batendo de frente com Dom Mauro Morelli (além de Bispo, é líder da Igreja Católica engajada na luta social), que teve o seu nome vetado para o Conselho de Segurança Alimentar. Ele faria parte do governo Lula.
As divergências com o Ministro Graziano – acho que é esse o status – começaram com as más interpretações. Dom Mauro Morelli, num artigo veiculado na bendita Internet pela Rede Católica, documentou que “Distribuir comida não enche a barriga de ninguém”. “Sem paternalismo e assistencialismo, através da participação e do trabalho, o povo quer e deve exercer sua cidadania”, completou o Bispo. Não há, absolutamente, nada e nenhum ponto a discordar do Bispo Mauro Morelli. Até porque é um direito constitucional a livre manifestação do pensamento.
O PT ainda peca por mal interpretar as coisas – maldita herança. Distribuir comida não enche a barriga de ninguém porque não vai mudar a sua condição. O paternalismo pode revelar uma tendência a disfarçar o autoritarismo sob a forma de proteção. O assistencialismo pressupõe favores e ajudas constantes, incessantes, inibindo o indivíduo de participar, com o seu trabalho, da construção de um país livre, próspero e soberano. Isto dá orgulho. O povo clama por oportunidade. Ponto.
O exercício da cidadania é um direito de todos, inclusive dos inválidos. Ao governo cabe criar as condições para que os cidadãos gozem dos seus direitos civis e políticos, com primazia, afastando e exorcizando o fantasma da “obrigação passiva” que há muito assombrou a nação. Neste governo de transição – espero que não seja apenas uma passagem de um ponto para o outro –, nem a batina foi poupada. Página virada, todos se postaram de joelhos a rezar e ouviram Deus dizer que tudo não passou de um mal-entendido. Infelizmente, a igreja estava vazia. Ele, Deus, interpretou tudo certo.
Augusto Avlis
Discussão
Trackbacks/Pingbacks
Pingback: Livro Polítitica « Opinião sem Fronteiras - 29/07/2012