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Política

Favas contadas – parte V

Favas contadas – parte V

Falta grandeza ao presidente Michel Temer. As suas últimas atitudes provam a ausência de magnanimidade na condução do cargo. Por essas razões a sua decadência é iminente. Ficará sozinho dentro do barco à deriva, em noite escura de tempestade. O canibalismo político é inevitável quando a fome de poder corrói os estômagos – nesse sentido, desaparecem todos os acordos, o pão acaba, cada um por si. Não há o que fazer, senão rezar para que tudo de ruim acabe logo, mas, pelos roncos de trovoadas e clarões de relâmpagos, coisas piores estão por vir. Abriguem-se!

Procurando emprego, 14 milhões de brasileiros, que continuam desempregados, sem lenço, sem esperança num Brasil melhor em curto prazo. Estamos vivendo um clima de paralisia. A política cria as crises próprias e, de quebra, as econômicas. O Congresso bate cabeça numa atmosfera de salve-se quem puder. As Reformas, Trabalhista e da Previdência, só com a aparição de um mestre de obras com carteira assinada, experiência e recomendações.

Sem título de mestre em xadrez, Michel Temer disputou uma partida num tabuleiro onde só havia casas escuras – provou ser um péssimo enxadrista quando perdeu o controle de três peças com idênticos formatos e características. Conclusão: recebeu um xeque-mate. Mesmo na iminência de derrota o presidente não desistiu da partida, abandonando o jogo, que se deu no último final de semana, no domingo (28/05).

Sem prévia consulta, Osmar Serraglio (PMDB-PR), que está com um pé dentro da Operação “Carne Fraca” como investigado, foi arrancado a fórceps do Ministério da Justiça e Segurança Pública, recusou assumir o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), donde saiu o ministro Torquato Jardim para ocupar a vaga “aberta forçosamente” por Temer no Ministério da Justiça. Torquato Jardim assumiu nesta quarta-feira (31), Osmar Serraglio voltou a ocupar o seu posto de deputado federal na Câmara, a vaga no Ministério da Transparência, por pressão política, não deverá ser oferecida ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que volta a ser suplente, perde o efetivo Foro privilegiado, podendo ser preso a qualquer momento, para o desespero de Michel Temer, que teme ser apontado por este seu ex-assessor de confiança como o verdadeiro dono da mala de dinheiro, aquela recebida “sujamente” por Loures das mãos limpas de Ricardo Saud, executivo do frigorífico JBS, com “teoricamente” R$ 500 mil dentro dela, em “notas fortes”.

A Polícia Federal contou R$ 465 mil. Leia trecho do documento da defesa de Rodrigo Rocha Loures protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF): Rodrigo Santos da Rocha Loures, por seus advogados, nos autos da ação cautelar nº 4328, vem perante Vossa Excelência informar que realizou na data de ontem (24/05/2017) o depósito judicial de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil Reais), quantia esta relacionada à investigação conduzida nos autos do inquérito nº 4483, conforme Guia de Depósito Judicial à Ordem da Justiça Federal, ora apresentada (doc. 01). O referido montante encontra-se depositado na conta nº 86400176-5, agência nº 3133, da Caixa Econômica Federal”.

Penso eu que o ex-deputado Rodrigo Santos da Rocha Loures (nome completo) – que teve o gostinho de ocupar a vaga de Osmar Serraglio na Câmara dos Deputados, no período de 08 de março de 2017 a 31 de maio de 2017 – tirou os R$ 35 mil da mala para adiantar parte do pagamento dos honorários devidos aos seus advogados. Procede. Pergunto: Com que recursos os políticos pagam as bancas caríssimas de advogados por eles contratadas? Quem respondeu “com o dinheiro fruto de corrupção” acertou na mosca. O que me leva a crer que os advogados são igualmente criminosos – mas, não na opinião do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, que afirmou em entrevista que o advogado não tem que se preocupar com a origem do dinheiro usado pelo seu cliente para pagá-lo, basta o advogado pagar os impostos inerentes e fica tudo certo. Loures ficou 84 dias como deputado federal “de fato”, tempo suficiente para cometer crimes e desvios funcionais de toda ordem, seja acompanhando os seus pares parlamentares, seja em conluio com empresários da atividade privada. Tal feito comprova a minha teoria: O suplente quando assume o cargo é garantia da continuidade delitiva.

Na entrevista coletiva que concedeu após a sua posse, Torquato Jardim, que já foi ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pulou para uma das “casas claras” do tabuleiro de xadrez e deu a entender que fará mudanças na cúpula da Polícia Federal (PF), não descartando a possibilidade de “troca” do Diretor-geral, Leandro Daiello, nomeado em janeiro de 2011 para o cargo, e que também é Diretor-chefe da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato desde o seu início. Leandro Daiello, como Diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, já teve 06 (seis) ministros da Justiça como chefes, a saber: José Eduardo Cardozo (01/01/2011 a 03/03/2016), Wellington César Lima e Silva (03/03/2016 a 14/03/2016), Eugênio José Guilherme de Aragão (14/03/2016 a 12/05/2016), Alexandre de Moraes (12/05/2016 a 22/02/2017), Osmar José Serraglio (07/03/2017 a 31/05/2017), Torquato Lorena Jardim (31/05/2017 a…).

A meu sentir, Leandro Daiello sobreviverá ao sexto chefe, basta o presidente Michel Temer cair no TSE por ocasião do julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer 2014, que ocorrerá na próxima terça-feira, 06, ou, cair no STF onde Temer é investigado pelo seu “envolvimento” no escândalo da JBS. A lógica é uma só, cai Temer, cai Torquato Jardim. Uma possibilidade não deve ser descartada; os delegados da Polícia Federal, uma vez ameaçados, e, se verificarem qualquer interferência por parte do Ministério da Justiça nas investigações da Lava-Jato, eles podem reagir rapidamente apresentando “fatos novos” que, direta ou indiretamente, afetem a imagem de Torquato Jardim fazendo com que ele “caia” antes mesmo de Michel Temer, até porque a sua nomeação não se baseou na exigida “reputação ilibada”, mas no elevado grau de amizade que Temer por ele nutre há muitos anos – favas contadas. Por conta disso, a gente sabe que Torquato Jardim recebeu de Temer duas missões espinhosas, uma delas a de atuar como seu advogado de defesa junto ao STF e, sobretudo, junto ao TSE, considerando o suposto “trânsito ministerial” nessas cortes de julgamento. A segunda missão, “impossível”, é parar a Operação Lava-Jato. O mapeamento da PF já está preparado. A crise continua.

Augusto Avlis

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Sobre augustoavlis

Augusto Avlis nasceu no Rio de Janeiro na metade do século XX. Essa capital foi antes o Distrito Federal e o Estado da Guanabara. Profissionalizou-se em Marketing Operacional e fez parte, como Executivo, de multinacionais do segmento alimentício por mais de três décadas, além de Consultor de empresas. Formado em Comunicação Social, habilitou-se em Jornalismo. Ocupou cargo público como Secretário de Comunicação. Hoje dedica-se às atividades de escritor e cronista.

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