Favas contadas – parte IV
Observemos um rato preso e acuado dentro de uma gaiola, molhado com álcool e esperando que a qualquer momento alguém jogue um fósforo aceso. O seu desespero é compreensível, porque a morte do rato é extremamente dolorosa. Antes de morrer totalmente queimado, o roedor chia, guincha sem parar, morde ferozmente as grades da gaiola tentando fugir, dá cambalhotas, corre em círculos e, por último, deita para o derradeiro suspiro.
Como é impressionante a semelhança entre os políticos corruptos e os ratos, sobretudo no comportamento. Na possibilidade de serem presos e acuados dentro duma gaiola agem da mesma forma, tentando se salvar a qualquer custo. Matá-los, políticos corruptos e ratos, é um bom procedimento para a defesa e manutenção da saúde pública – exterminá-los em definitivo uma tarefa quase impossível por conta da descontrolada proliferação, o que os torna longe da extinção e livres desse risco. Políticos corruptos e ratos possuem uma tremenda capacidade de sobrevivência. Mas, um dia, alguém consegue jogar o fósforo aceso no alvo certo.
O presidente da República, ainda em exercício, não foge à regra. Depois da delação premiada dos donos da JBS e do seu diretor Ricardo Saud, Michel Temer está com o pé direito dentro da gaiola. Ainda mais que Ricardo Saud afirmou que durante a campanha de 2014, na sua reeleição como vice de Dilma Rousseff, Michel Temer colocou no bolso esquerdo R$ 1 milhão dos R$ 15 milhões da propina que o Partido dos Trabalhadores “mandou” a JBS destinar ao PMDB. “Michel Temer fez uma coisa até muito deselegante. Nessa eleição, eu só vi dois caras roubar deles mesmos. Um foi o Gilberto Kassab, outro o Temer” – disse com todas as letras Ricardo Saud em sua delação “mais do que premiada”. Gilberto Kassab, político do Partido Social Democrático (PSD-SP) é ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do governo Temer – dois ratos de mesma espécie, que estão pondo a cabeça de fora dos esgotos de Brasília.
Boa ocasião para perguntar: O quê Gilberto Kassab entende das áreas de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações? Já dizia o meu amigo Manuel de Jesus Pereira, de nacionalidade japonesa: “É muita merda para pouca bosta! Ó Pá”.
Quem tem o poder nas mãos, em primeiro lugar, usa-o a seu favor, e depois, para prejudicar os outros. Esta é a realidade que norteia as ações dos políticos. Sempre foi assim. Os interesses pessoais postos em primeiro plano, em detrimento aos do país. As nomeações meramente políticas não exigem competência para o exercício dos cargos, basta os escolhidos dedicarem fidelidade ao Rei. A cadeira de presidente da República parece que tem pregos ou velcro, de modo que quem senta nela dificilmente sai.
Augusto Avlis
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