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Polícia e Segurança Pública

O bicho está solto! – 3ª parte

O bicho está solto! – 3ª parte

Somente sete dias após a deflagração do caos na segurança pública do Espírito Santo, o Palácio do Planalto soltou ontem, 10 de fevereiro de 2017, uma nota oficial sobre o assunto. Até então o presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), como o ministro interino da pasta da Justiça e Segurança Pública, José Levi, permaneciam em silêncio sepulcral. Nessa nota divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Michel Temer condenou a greve dos policiais militares, pediu que retornassem ao trabalho, garantiu total apoio do governo federal em ações de segurança e que fará todos os esforços para que a normalidade retorne o quanto antes. Segundo Michel Temer, o movimento grevista “atemoriza” o povo capixaba e o comportamento dos policiais militares é “inaceitável” num Estado Democrático de Direito.

O Espírito Santo está pegando fogo e é impressionante o comportamento omisso – também inaceitável – do presidente Michel Temer. Num país sério, o seu presidente já teria vindo a público, em rede nacional, para proferir pessoalmente uma nota oficial do governo em respeito à população e anunciaria uma visita ao Estado afetado pela crise. Mas, Michel Temer resolveu não fazê-lo, por suas razões inconfessáveis. Preferiu ficar em Brasília costurando acordos de bastidores com a base podre do Congresso Nacional com objetivos nada republicanos. Temer, com suas articulações, tenta se proteger da Lava-Jato (deve vir surpresa com a nomeação do novo ministro da Justiça), tenta se safar do TSE, que pode cassar a chapa Dilma/Temer 2014, e por aí vai. Fazendo uso da “licença poética” digo, com todo respeito, que Michel Temer é um calhorda insensível que está se destacando no seu feudo político – em nada se diferenciando de Dilma Rousseff.

Enquanto isso, os 703 policiais militares amotinados foram indiciados pelos crimes de motim e revolta, de anteontem pra ontem. Aquartelados, reuniram-se armados e não cumpriram ordens superiores. Novos indiciamentos podem ainda ocorrer. Se condenados, os policiais militares podem pegar pena de prisão que varia de 08 a 20 anos, além de expulsão da corporação. Em recente entrevista, o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André de Albuquerque Garcia, confirmou essa possibilidade e que, se necessário for, abrirá novos concursos para a recomposição do quadro da PM. O outro lado triste da moeda é que boa parte desses policiais, com a perda da farda, pode aderir ao mundo do crime como forma de vingança. Se isso de fato acontecer as coisas podem piorar e será o pior dos mundos. Eu não tenho a menor dúvida de que ocorrerá o surgimento de novas perturbações sociais.

Ontem à noite (há poucas horas), em entrevista coletiva, o secretário de Estado de Direitos Humanos, Júlio Cesar Pompeu, disse que o governo e as entidades que representam os policiais militares chegaram a um acordo para o término da greve no Espírito Santo. Júlio Cesar Pompeu pediu bom senso aos policiais e espera que retomem as suas atividades normais as 07h00min deste sábado, 11. De todo modo, agora falta “combinar com os russos e com as russas”, ou seja, com os amotinados e suas cúmplices externas, uma vez que o tal acordo de intenções angelicais só tem a chancela das entidades representativas. Vamos torcer por um final feliz – acho difícil, porém, não impossível. Os policiais militares rebelados sabem que as consequências podem ser catastróficas caso insistam em manter a paralisação.

Acho estranho como as autoridades responsáveis pela segurança pública ainda não adotaram medidas consideradas simples para por um ponto final nessa palhaçada toda. De um lado fica o gato esperando que o rato dê bobeira e, do outro, fica o rato torcendo que o gato canse, ou se distraia com uma barata, e vá embora. Uma descomplicada tática resolveria o problema, cortar a luz dos quartéis e o fornecimento de água, bloquear a entrada de alimentos e manter um helicóptero sobrevoando toda a noite para impedir que os amotinados durmam o sono dos justos. Tortura chinesa não funcionaria nesse caso específico. As intransigências por parte dos movimentos das mulheres e familiares dos policiais já passaram do limite razoável – plagiando Júlio Cesar Pompeu. Faltam 06 horas. O bicho está pegando!

Augusto Avlis

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Sobre augustoavlis

Augusto Avlis nasceu no Rio de Janeiro na metade do século XX. Essa capital foi antes o Distrito Federal e o Estado da Guanabara. Profissionalizou-se em Marketing Operacional e fez parte, como Executivo, de multinacionais do segmento alimentício por mais de três décadas, além de Consultor de empresas. Formado em Comunicação Social, habilitou-se em Jornalismo. Ocupou cargo público como Secretário de Comunicação. Hoje dedica-se às atividades de escritor e cronista.

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