Lula em dose dupla
De vez em quando eu me isolo no escritório, com a chave do lado de dentro, reviro papeis para matar o tempo, descobrir coisas interessantes que foram guardadas e esquecidas – pequenas anotações colocadas dentro de livros também são buscadas. Dei sorte. No primeiro livro que peguei na estante, bem no meio dele, lá estava dobrada uma folha de papel. Para minha surpresa, um artigo escrito numa sexta-feira, 26 de maio de 2006, último ano de governo do 1º mandato de Lula, que já estava em campanha à reeleição, mesmo com todo o escândalo do Mensalão em ebulição e profusão. O título é o mesmo deste post: “Lula em dose dupla”. Leiam abaixo.
Eu sonhei que via o Lula com os cabelos compridos e barba raspada, deixando à vista a sua cara sarabulhenta. Eu via o Lula com o quinto dedo da mão esquerda, após ter feito implante do dedo mindinho. Eu o via passando a faixa presidencial para ele mesmo. Eu via o Lula promovendo a primeira reforma ministerial de 2007. Eu escutei o Lula dizendo – com todos os seus erros de concordância, na plenitude da sua ignorância – para os ministros dispensados: “Não deixe ninguém pegá vocês nos aeroportos com a mala do dinheiro. Podem gastá ele à vontade que vou arrumar umas boquinha em algumas de nossas Embaixada”. Quando acordei, pude constatar que esse sonho poderá se tornar mais um pesadelo, ao ler nos jornais as últimas pesquisas de intenções de votos, dando a ‘Lulaéreo’ quase 30 pontos percentuais de vantagem sobre Alckmin. Minha dor de cabeça aumentou quando soube que a sua estratégia de campanha será a mesma adotada em 2002: ‘Lulinha paz e amor’. Desse jeito, far-se-á de morto pra comer o cu do defunto e do coveiro ao mesmo tempo. Ao alienado povo dirá: “Sou a reencarnação do Padre Cícero. Farei jorrar petróleo no nordeste. Construirei no semi-árido um imenso cemitério de curuquerê para a produção de biogás. Para o programa Bolsa Família mandarei reservar dinheiro pra compra de lanches e de sobremesas. Os presidentes Hugo Chávez e Evo Morales, no meu governo, poderão escolher a pasta ministerial”. Desta vez ele lerá o discurso escrito pelo seu marqueteiro. O pior de tudo, e bota pior nisso, é que os eleitores serão os mesmos, as urnas eletrônicas as mesmas, os artífices da democracia os mesmos, o futuro político do Brasil o mesmo, e os resultados cada vez mais catastróficos.
Nota cultural: Curuquerê é uma lagarta que ataca o algodoeiro.
Augusto Avlis
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