Porta do Cu
Ontem, sábado, 28 de março de 2015 (registro esta data para não esquecê-la) tive o desprazer de ir a um velório no Cemitério da Paz a uns 25 km donde moro. Não gosto muito dessas coisas, aliás, gosto pouco, se bem que a cada dez eventos mórbidos dessa natureza em pelo menos quatro (40%) eu consegui comer a viúva ou mulheres próximas a ela. O falecido era amigo da família fazia trinta anos, morreu repentinamente sem dar aviso prévio. Todos aqueles defuntos (ainda vivos) que morrem assim, a turma do “deixa disso” alega ter sido AIDS a Causa Mortis. A viúva, no auge dos seus 48 anos, estava exuberante, vestido rendado na cor azul marinho, decote discreto, véu escondendo a cara safada. As pessoas presentes ouviam até certa distância suspiros de dor e tristeza – se profunda ou não, eu não posso afirmar – que saíam debaixo daquele véu. Perto da sala onde o ataúde estava de repouso momentâneo, um bar nos aguardava. Eu e mais uns cinco canalhas vivos, quase amigos do falecido, fomos beber o “espírito” do morto para que caminhasse pelos caminhos da luz eterna. Quando retornamos fomos surpreendidos com o caixão sendo colocado naquele maldito carrinho para uma viagem sem volta, em direção ao buraco já aberto. O velório é sempre uma cerimônia fúnebre muito triste, na qual o féretro, com a vítima dentro, é colocado em exposição pública permitindo que parentes próximos, longínquos, amigos, inimigos, todos aqueles interessados na sua morte, enfim, despeçam-se antes do sepultamento. Perdemos a oração de corpo presente. No meio da comitiva de falsos adoradores, já bêbados, começamos a cantar a seguinte música, em toada caipira, em honra da viúva – o defunto que se foda!
Minha comadre meu compadre morreu,
E a senhora ficou sozinha,
Se a senhora resolver a dar, minha comadre,
Saiba que a preferência é minha.
Meu compadre deixa de besteira,
Essa conversa é pra urubu,
O tempero que tem na boceta, meu compadre,
Também tem na porta do Cu.
Augusto Avlis
rsrsrs. inspirado esse garoto!!!! Seis viúvas ficaram mesmo na mão?
Entre uma lágrima e outra há sempre alguém disposto a consolar.