O militar português Estácio de Sá (1520/1567) fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro no dia 01 de março de 1565. Pouca gente sabe disso. Foi o primeiro governador-geral da Capitania do Rio de Janeiro no período colonial. Estácio de Sá preferiu expulsar os franceses a usar o seu tempo para comer as silvícolas, ou mesmo tocar punhetas encostado nos rochedos, pensando em alguma prima deixada além mar. Acabou se fodendo; deveria ter deixado os franceses em paz, até porque já estavam lá, na área ocupada, há cerca de dez anos, vivendo do bom e do melhor que havia, banhando-se a cada 45 dias, dependendo do estoque de perfume europeu. O babaca do Estácio de Sá, durante a batalha de Uruçu-mirim, ficou gravemente ferido, vindo a morrer um mês depois decorrente de septecemia (putrefação do sangue ou infecção generalizada). Bem feito, deveria ter ficado na dele, mas, coitado, naquele tempo era impossível conhecer a malandragem dos cariocas, que ainda não existiam. Se fosse hoje, um carioca jamais permitiria que um indígena qualquer furasse o seu olho (o da esquerda ou o da direita) com uma lança, de certo, negociaria antes com o selvagem. Tomar uma cerveja no morro da Mangueira, cheirar uma carreira de cocaína no Vidigal, ir à baile Funk ou participar de uma suruba com as empregadas da Ilha do Governador são algumas das opções para salvar o olho. Fico imaginando se o portuga do Estácio de Sá tivesse dado a bunda aos franceses, talvez a nossa sorte hoje fosse melhor. Justa homenagem ao sobrinho de Mem de Sá: Estácio de Sá virou uma Escola de Samba e uma péssima universidade. O Rio de Janeiro de 450 anos + 02 dias continua a mesma merda, cidade cantada em verso e prosa, ao som de rajadas de fuzis e metralhadoras. Vá perguntar aos PMs das 38 UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas na “cidade maravilhosa”. A violência continua linda… Aquele abraço! As eternas belezas naturais, sem segurança pública, acabam ficando feias, pálidas, descoloridas – para nossa grande tristeza Oswaldo Goeldi não poderá mais retratá-las na versão 3º milênio.
Augusto Avlis
Nota: Oswaldo Goeldi (1895-1961) foi o maior gravurista brasileiro, retratou um Rio de Janeiro de tons escuros e cenas soturnas, reflexo de sua alma atormentada, bem distante do clichê alegre e luminoso a que a maioria recorre (341. Veja – 2415).
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Alô RIO DE JANEIRO, aquele abraço!!!! Um dia já foi Capital do Brasil e os outros Estados, diziam que era território inimigo!!! Hoje não sabemos para onde fugir.
Talvez para dentro da casa do bandido, lá certamente teremos maior segurança.