Ronaldo x Ronaldo
Depois de uma discussão acalorada no boteco da esquina (Escritório), resolvi escrever sobre alguns pontos do que foi dito. A beleza dos dois passou batida, mas as quatro pernas (duas de cada) são mágicas; nessa questão todo mundo concordou. De sã consciência, será que tem alguém que ainda achava que Ronaldo, o Fenômeno, não tinha lugar na Seleção Brasileira antes de parar de jogar futebol? Não descartando a premissa de que ninguém, absolutamente ninguém, é insubstituível – inclusive na prática de qualquer atividade esportiva –, Ronaldo, não fugindo à regra, tinha sim espaço garantido na Seleção, ainda que no banco de reservas.
O futebol brasileiro produziu, produz e ainda produzirá muitos craques para o mundo, o que facilita a vida dos técnicos e ao mesmo tempo traz complicações quando o assunto é escalar o time titular. É melhor ter sobra de talentos do que de pernas-de-pau. Vicente Matheus, eterno presidente do Corinthians, já dizia que “Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático”. Os torcedores se encantam a cada nova jogada dos craques da bola, com os seus dribles mágicos, com a comemoração do gol.
O ex-técnico da Seleção, Carlos Alberto Parreira, após a goleada por 4×1 sobre a Argentina na final da Copa das Confederações, em 2005, na Alemanha, declarou que “Não somos apenas os maiores favoritos ao título. Diria que somos favoritíssimos. […] Temos que aprender a conviver com o favoritismo”. Controlada a emoção, Parreira lembrou que nas vezes em que o Brasil saiu favorito para a Copa do Mundo se deu mal. Na Copa de 2006, na Alemanha, a imprensa especializada economizou adjetivos com relação ao “Fenômeno” e pecou por não tê-lo comparado ao pato do Vicente Matheus. A Itália foi campeã da Copa do Mundo de 2006 empatando na final com a França por 1×1 e ganhou nos pênaltis por 5×3.
A questão do favoritismo realmente é uma merda, outro exemplo foi a Copa de 1998, quando perdemos a final para a França, dona da casa, por 3×0 – Ronaldo, o “Fenômeno”, amarelou e descartou as demais cores da nossa bandeira. Na Copa seguinte, em 2002, no Japão e Coréia, ele deu o troco – estava devendo aos torcedores fanáticos e, sobretudo, aos patrocinadores.
Essa coisa de ficar comparando um jogador com outro, de escolher qual é o melhor, faz parte da cultura futebolística. Ronaldo Luís Nazário de Lima, ou simplesmente Ronaldo, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho e R9, é o maior artilheiro da história das Copas do Mundo com 15 gols marcados (já falei isso antes) – e pela atuação dos atuais atacantes reconhecidamente pernas-de-pau (perebas), esta marca dificilmente será quebrada tão cedo. O “Fenômeno” atuou no Barcelona, Real Madrid, Internazionale e Milan, enriquecendo o seu currículo. O ex-Fenômeno atualmente trabalha como comentarista da Rede Globo, provando aos amantes do futebol que “só fala bem quando está calado”. O “Fenômeno” marcou 460 gols em jogos oficiais, 82 gols nas divisões de base e 06 gols em jogos festivos.
Ronaldo de Assis Moreira, ou simplesmente Ronaldinho Gaúcho, Ronaldinho, Dinho, Showman, R10, R49 e Rei da Catalunha. RG foi eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo nos anos de 2004 e 2005. O dentuço joga atualmente no Atlético Mineiro, enterrando de vez o seu sonho de voltar à Seleção Brasileira não só pela idade avançada como pela cara de bobo que faz a cada jogada errada, mas pode, na pior das hipóteses, retornar de cabeça baixa ao Flamengo para encerrar a carreira. Em pouco mais de 800 jogos (?) marcou até hoje pouco mais de 300 gols (?). Quando aposentar as chuteiras teremos a estatística oficial.
As qualidades dos dois, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, com a bola nos pés são inegáveis, agora, qual o melhor? Isso talvez não tenha tanta importância, como não tem a comparação entre Zico com Roberto Dinamite. Enquanto Zico marcou 508 gols em 731 jogos com a camisa do Flamengo, Roberto Dinamite disputou ao todo 1.110 jogos e marcou 705 gols com a camisa do Vasco. Eu sei quem foi melhor, mas reservo-me o direito de não confessar.
Augusto Avlis
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